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Crítica | MaXXXine (2024)

Foto do escritor: João Pedro AccinelliJoão Pedro Accinelli

 CRÍTICA SEM SPOILERS

Há quase exatos 2 anos atrás, pudemos presenciar o renascimento do slasher em sua melhor forma, com um longa ousado e subversivo chamado X: A Marca da Morte (2022). Descobrimos em pouco tempo que o longa faria parte de uma trilogia de horror orquestrada pelo diretor, roteirista e editor Ti West, um nome até então já queridinho do gênero. Lançada no mesmo ano, a prequel Pearl (2022) nos trouxe um pouco mais sobre o passado da antagonista de X, desenvolvido como um terror psicológico com elementos de drama e slasher. Se coragem e criatividade foram o que não faltou nos dois primeiros longas da trilogia, em MaXXXine vemos parte da capacidade criativa de Ti West dar lugar a homenagens, contextualização e uma trama principal tímida, com objetivos distantes do que nos foi apresentado nos dois filmes anteriores, mas que de uma forma ou de outra encontra seu lugar dentro do subgênero de thriller investigativo. Seis anos após o massacre na fazenda de Pearl e Howard, no Texas, a única sobrevivente, Maxine (Mia Goth), está determinada a deixar seu passado sombrio para trás enquanto persegue sua carreira de atriz em Hollywood. Tentando fugir da sua fama de atriz pornô, ela buscar uma oportunidade de estrelar um papel promissor no cinema independente, onde consegue uma vaga em uma sequência de um terror de baixo orçamento. Entretanto, ela percebe que traumas não se cicatrizam tão facilmente quando começa a ser ameaçada por John Labat (Kevin Bacon), um detetive particular disposto a expor a verdade sobre os acontecimentos de 1979. Enquanto isso, uma onda de assassinatos brutais preocupam a cidade de Los Angeles, que se vê refém de um serial killer conhecido como Night Stalker. O longa abre com uma reflexiva e realista frase de Bette Davis, afirmando que no ramo artístico, uma mulher só pode ser reconhecida como uma estrela, se antes for reconhecida como um monstro. É partindo deste ponto que Ti West irá desenvolver todo o seu roteiro, sem abdicar do olhar satírico e ao mesmo tempo desafiador com o qual construiu sua fama. A trama do filme brinca não somente com o que o espectador espera ver, como também com o que ele quer ver. O diretor demonstra que ainda tem talento de sobra ao assumir que, embora entregue algumas cenas surpreendentemente chocantes e que cumprem com o que os fãs dos filmes anteriores buscam reencontrar, ainda tem pulso firme para dizer que seu novo longa possui uma proposta completamente diferente. Esse jogo de expectativas e surpresas, acaba sendo o grande vilão e ao mesmo tempo o herói do filme de West. Capaz de frustrar fortemente alguns dos fãs mais ferrenhos do slasher, amantes de todo o frenesi apresentado nos dois filmes anteriores, MaXXXine deixa um gosto agridoce na boca ao optar por um outro ritmo de narrativa, mais lento e examinador. As escolhas dos eventos que ocorrem na trama prometem dividir consideravelmente o público, afetando a experiência principalmente dos espectadores ansiosos em acompanhar a produção do filme independente e os bastidores do que viria a ser primeiro papel de Maxine para o cinema. O foco do enredo se direciona, na verdade, à resolução dos conflitos externos envolvendo o passado e o presente da personagem.


É possível encarar todo o passado traumático de Maxine Minx e sua busca em se livrar das ameaças de Labat como o conflito interno da personagem tentando lidar com suas raízes puritanas, reconhecendo seu crescimento pessoal e a desvinculação com seus dogmas religiosos. Podem também refletir os leões que toda atriz precisa matar, e os perrengues que precisa passar para se tornar uma estrela. Ao tentar enxergar o longa com tais olhos, é mais fácil identificar as qualidades da obra. O problema é que, ainda assim, o filme não se esquiva de seus pecados narrativos. Ainda que com duas ou três cenas em que manifesta sua personalidade explosiva e bad ass, a qual nos apaixonamos em X: A Marca da Morte (2022), aqui nos impressionamos com a enorme passividade expressada por Maxine Minx diante dos momentos chaves da história. Nem mesmo os esforços da ótima Mia Goth parecem ser o suficiente. Independentemente da atriz transmitir bem toda a determinação e a ambição de sua personagem (essencialmente na primeira meia hora de tela), a quantidade excessiva de atores coadjuvantes e subtramas carregadas de referências e tributos do diretor ao cinema investigativo de Brian de Palma durante os anos 80 não permitem que Mia Goth brilhe como nos dois filmes anteriores, e acabam por desperdiçar o potencial do filme em oferecer algo de novo e substancial à trilogia. Por mais difícil que seja discorrer sobre isso sem entregar detalhes sobre a trama, uma das escolhas mais decepcionantes aqui é a forma como o roteiro torna os assassinatos e o próprio assassino em série Night Stalker subaproveitados em toda a história, embora o trailer e o próprio início do longa possam dar a entender o contrário. Há muito mais tempo de tela envolvendo uma dupla de detetives que busca entender a relação próxima de Maxine com algumas das possíveis vítimas do serial killer, do que todo o contexto real envolvendo o pânico das ruas devido aos diversos assassinatos cometidos por Night Stalker durante aquela época. O próprio puritanismo e a revolta dos cidadãos com tudo que é relacionado à pornografia e à liberdade sexual da época acabam não sendo tão bem trabalhados quanto mereciam. De forma geral, o ideal é encararmos a trilogia de Ti West separadamente, evitando comparações entre os três filmes. Há sim uma relação direta entre as histórias, mas são projetos diferentes com diferentes objetivos e linguagens. O último longa dessa popular trilogia de horror pode não ter o mesmo nível de impacto de seus antecessores, mas consegue resolver pendências deixadas desde o primeiro filme e propor uma interessante jornada em busca da sobrevivência em Hollywood e da oportunidade de se tornar uma estrela, sendo um monstro aos olhos do público, ou deixando de ser. Para quem chegou até aqui, deixamos um CUPOM SECRETO para adquirir nossos produtos do filme MaXXXine em nossa Horror Store! Use o Cupom "MAX13" para adquirir 13% OFF e não perca essa oportunidade. Clique aqui e aproveite.



NOTA DO CRÍTICO: ★★★☆☆ Título Original: MaXXXine Data de Lançamento: 11/07/2024 (Brasil) Direção: Ti West Distribuição: Universal Pictures Brasil Elenco: Mia Goth como Maxine Minx

Elizabeth Debicky como Elizabeth Bender

Kevin Bacon como John Labat

Giancarlo Esposito como Teddy Night

Michelle Monaghan como Detective Williams

Bobby Cannavale como Detective Torres Moses Sumney como Leon Lily Collins como Molly Bennett

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